Depois do match, começamos a conversar no app, aí mudamos para o whatsapp e eu comecei a pensar que valeria a pena conhecê-lo pessoalmente. Eu nem gosto de ficar conversando muito, prefiro já marcar um encontro logo. Ele começou a me convidar para alguns eventos, mas eu tive que declinar, porque eu já tinha outros compromissos marcados. Ainda assim ele estava engajado: mesmo eu recusando, ele voltava e me convidava de novo, continuava mandando mensagens. Até que resolvi marcar alguma coisa no primeiro dia que eu tivesse disponível, ou então nunca aconteceria.
Novembro, dia 25, uma segunda-feira. Eu não vou esquecer jamais a data desse encontro, porque foi o dia em que fui ao cartório assinar a escritura passando a minha parte do apartamento para meu ex.
Já começou por aí... por que eu fui marcar logo nesse dia?!?! Era a primeira vez (e a única até o momento em que estou escrevendo) que estaria cara a cara com meu ex desde que eu tinha saído de casa. E foi uma situação tensa. Depois tive uma reunião pesada no trabalho à tarde. Ou seja, meu humor e minha energia não eram dos melhores no final do dia. Mas eu não queria desmarcar, porque, como já contei, ele tinha me convidado algumas outras vezes e não tinha dado certo de eu ir. Eu precisava ver logo se o cara era legal ou não.
Fomos a um barzinho bem sem graça no bairro onde ele mora, bem perto da casa dele. Eu falei para ele escolher o lugar, então não posso reclamar... (só estou constatando o fato mesmo).
Ele ficou dentro do carro dele me esperando chegar. Era uma picape antiga toda reformada/customizada. Quando eu cheguei, ele saiu e já começou a falar do carro, que ele mesmo tinha customizado, parecia super orgulhoso. Emendou o assunto sobre a loja dele (não vou dar detalhes, mas a loja tem a ver com essas customizações) e ficou falando que a loja tinha dado para ele tudo o que ele tinha. Bacana isso, acho que temos que ter e mostrar gratidão pela vida que levamos, mas achei que o tom era mais para "eu conquistei moooita coisa, olha como sou um cara de sucesso".
Sentamos e, como eu estava muito cansada (mentalmente e, por consequência, fisicamente) e meio que numa bad vibe, eu não ia beber. Mas antes de eu anunciar isso, ele falou que não bebia e pediu uma coca-cola. Eu fiquei aliviada e pedi só uma água!
Um dos primeiros assuntos que ele trouxe foi que ele já estava separado há 3 anos e que agora ele queria achar alguém para aquietar. Eu, rindo, toquei no braço dele e disse que não seria eu essa pessoa. Ele mal reagiu, continuou falando... e como falou! Praticamente só ele falou. Mas tenho que ser honesta e confessar que eu falo pouco também. Então o falar muito, por si só, não era um grande problema. O ruim era o conteúdo da conversa.
Neste mesmo tópico, mais tarde, um pouco antes de acabar o nosso encontro, ele mudou de opinião! Na cara dura! Começou a falar que tinha que curtir sem se comprometer, que essa coisa de ficar preso a alguém não era legal e tal... Não me aguentei e tive que questioná-lo: "mas você não estava me falando há pouco que queria ter alguém?". A resposta, evasiva, foi algo no sentido de "ah, mas enquanto eu não encontro a pessoa certa..." Que até acho que é uma coisa super lógica e aceitável, mas porque ele não falou isso logo de cara?
Eu percebi, depois que tudo já tinha acabado, que ele era do tipo que fala o que mina quer ouvir, ou melhor, o que ele PENSA que ela quer ouvir. Primeiro foi a coisa da loja, querendo mostrar que tinha sucesso/dinheiro; em seguida essa do "preciso de uma companheira", que é o que a maioria das mulheres quer ouvir, mas EU NÃO e por isso virou "precisamos curtir a vida sem compromisso".
Depois ele começou um papo de que ia sair do país, ia se mudar pros Estados Unidos, porque o Brasil "já era". Eu odeio esse tipo de conversa, odeio que falem isso. Mas fiquei na minha. Só que o pior ainda estava por vir. Perguntei se ele tinha greencard e como ele ia fazer para poder morar lá sem ser ilegal. E a resposta foi: "Tranquilo, só preciso investir lá. Precisa de 500 mil. Eram 800, mas agora são 500. Ainda bem que o valor é em reais... Não, não! Na verdade são dólares mesmo!"
Pois é, tive que ouvir que o cara que me levou praquele bar chulé tinha mais de 2 milhões de reais para investir nos States... eu acho que era mentira, mas ainda que fosse verdade, ele achava que o fato dele ter essa grana ia fazer eu querer dar para ele? Desculpa, mas não me atrai nem um pouco essa conversinha! Aliás, acontece o contrário, minhas pernas se cruzam e não se abrem mais!
Tudo o que ele estava jogando na mesa não tinha nada a ver com o que eu estava a fim de lidar.
Mas o melhor (para mim, não para ele, lógico) aconteceu no final. Eu perguntei se ele frequentava muito o bar e ele contou que só tinha ido umas 3 ou 4 vezes. E lembrou que uma delas tinha sido outro date, com uma moça que, segundo ele, tinha uma "cabecinha fraca". Ele não tinha ficado interessado nela, mas ela estava super a fim de continuar a noite. Mas como ele estava com zero tesão por ela, só se despediu e, de acordo com ele, ela ficou meio puta com a situação. "Mas não dava... a menina era muito ideia fraca", ele me falou, meio desdenhoso da pobre coitada.
Logo mais ele me pergunta: "você está cansada, né?” E imagino que realmente estava estampado na minha cara! Eu concordei balançando a cabeça.
- Então vamos? - ele sugeriu.
- Vamos! - eu disse, me sentindo aliviada mais uma vez. Já tinha começado a pensar que era hora de eu encerrar e ir descansar. Achei melhor que partiu dele mesmo.
Saquei meu celular e fui abrindo o Uber. Achei, honestamente, que ele também tinha dado a noite por encerrada. Mas aí ele começou a falar meio mansinho, dizendo para eu esperar um pouco, pra gente ir "ver o carro dele". Entendi que ele queria dar uns amassos no carro. E, sem nem levantar os olhos do celular, continuei chamando meu Uber e só disse "ah, já tô chamando aqui". Rolou uma pequena insistência da parte dele, mas - ainda bem! - foi fácil de continuar meu plano de ir embora.
Ele se tocou de que eu não queria nada a mais, manteve a pose, me levou de fato para dar uma olhada no carro e respondeu ao meu abraço de despedida quando meu Uber chegou. E só.
Foi o primeiro date em que eu nem beijei o cara, que eu não queria nem provar...
Ele pode ser sem noção nas coisas que fala (e que, provavelmente, acha que as mulheres querem ouvir), mas não era burro. Percebeu que a história que ele tinha acabado de me contar - da mulher que ele não quis - foi praticamente uma premonição (só que ele estava no lugar dela desta vez) e não voltou a falar comigo nunca mais! Ufa!
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